A mulher parou à saída do prédio, indecisa alguns segundos se haveria de aguardar que a chuva parasse ou avançar. No passeio, à sua frente, um rafeiro pequeno correu, de pêlo encharcado, focinho baixo e cauda encolhida. No céu, muito por detrás da imensa nuvem única, o sol não era mais do que um halo de luminosidade esbranquiçada.
Atrás de si, o homem preparava-se para abrir um chapéu-de-chuva. Olhou para ela, num aceno simpático. "Como chove...", disse ela, a responder ao cumprimento silencioso. "Chove ouro," tornou ele. "Venha, minha senhora, levo-a até ao outro lado da rua."
Foi, como se a carregasse o disco luminoso do céu.