sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Recortes

Junto papéis e papéis... Volta e meia, decido desfazer-me daqueles que já não vejo há mais tempo. Mas o balanço vai quase sempre para o excesso: deito fora uns, agarro noutros novos, que julgo, no momento, serem essenciais à minha compreensão do mundo. Espanta-me como poderei, alguma vez, dispensá-los. Por estes dias, já juntei mais três. Se não falar deles aqui, fechá-los-ei numa gaveta e só voltarei a lê-los quando chegar o dia em que me parecerão obsoletos; estranharei, então, como pude alguma vez ter querido conservá-los. Deve ser a isto que se chama passagem do tempo. Seja. Penso também que, dada a sua efemeridade, talvez não seja boa política chamar a atenção para eles aqui, já que não o faço no dia em que os leio, mas uns tantos dias depois. Que se dane.
1. O primeiro faz amanhã duas semanas. É um artigo de opinião de Walter Rossa publicado no "Mil Folhas" de há quinze dias. Chama-se "O paradoxo americano". Como o Público virtual é, como o impresso, a pagantes (onde é que já escrevi algo parecido com isto?), deixo um resumo (mesmo mesmo resumidinho): é o elogio de uma edição sobre o Terramoto de 1755 que, no geral, o autor considera muito boa; é uma crítica à maneira submissa e cega com que em Portugal se aceitam artigos de investigadores americanos (no caso, segundo Rossa, é precisamente um desses artigos e a arrogância intelectual nele revelada pelo seu autor a pecha do volume recenseado).
2. O segundo é da semana passada, saiu no meu semanário favorito. Lê-se um livro sobre a morte da literatura, tema inesgotável. Outro paradoxo.
3. O terceiro tem uma palavra linda! Saiu anteontem no Público, crónica de Álvaro Domingues sobre as cidades: "A cidade é um bezidróglio". Fala de urbanismo, arquitectura, geografia humana - e lexicografia.