quarta-feira, 5 de julho de 2006

A altas horas

Passava da meia-noite. O Reboliço apagara a luz da casa de banho e preparava-se para se aninhar na alcofa, enroscar-se e, de focinho a tocar o quadril, adormecer. Ia desligar o telefone, quando soou; viu no pequeno visor os corações a indicar quem telefonava. "Mano? Ainda não estás deitado, meu?" "Não, vou sair agora do escritório. Vou para casa." "Sim. E então? Diz coisas." "Era só para te dizer que o Scarlatti é lindo." "Pois é, também gostei muito." "Não - mas é lindo, lindo - mesmo lindo!" (risos do Reboliço) "Está bem, mano. Ainda bem que gostaste. Vai dormir. Até amanhã." "Até amanhã. Um beijo."