sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Chegar

Não há cão nenhum para nos receber. Os gatos já não vivem aqui. De vez em quando, um coelho ou outro refugia-se no monte da lenha. As ovelhas do vizinho passam, a balir e de esquilas a trinar, pela manhã cedo e ao fim do dia. Mas basta o moinho. Basta a torre, branca e alta, uma vela só, armada, e é em casa que estamos. Agora cheira a lume, arde o madeiro, fazem-se apostas de quanto demorará até ser todo cinza. Falamos alto uns com os outros, ajustamo-nos aos lugares que cada um quer mais para si. O espaço é muito maior do que o que vemos. Quando damos por isso, o silêncio instalou-se, mais o jantar na mesa e o calor pela casa toda.