terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Ao telefone

"Hello, operator. I'm calling Portugal. Could you put me through?"
Who would you like to call, sir?
"(Uau!, 'sir'!...) I'd like to call Tiaga. (Quem mais havia de ser?)"
Hold on a second, sir. your call is being processed.
"(Nesta terra só me mandam segurar uns segundos...)"
"Sim? Está lá?..."
"Tiaga? Tiaga??? Tiaga!!! Tiaga!..."
"És tu, Rebolico?"
"Sim, sim!!! Sou eu! Ena, gandas saudades!..."
"Até parece... Então? Onde é que estás?"
"Ora, estou aqui. És mesmo parva."
"Vá, diz lá o que é que queres, que tenho mais que fazer."
"Nada - era só para saber se estás bem. O Goldmundo tem-te tratado como deve ser?"
"Ai, Rebolico, sim! Que coisa, então não havia de me tratar bem? Só para que saibas: passo os dias a lavar-me e a dormir, como que nem uma princesa. De noite, exploro-lhe a casa, isto se não estiver muito fatigadinha... É bem fixe."
"Cool, como se diz por aqui. Ouve lá, e já sabes da Maia?"
"Maia? Quem? A abelha?"
"Não, parva. Maia, a cadela."
"Hum... Uma cadela... O que é que há a saber sobre uma cadela?"
"Pensei que já a conhecesses. Havemos de passar muito tempo juntos. Um dia destes, mostro-te a pinta da bicha."
"Hum... Se é cadela, tanto me faz. Não deve chegar para ensombrar a minha beleza."
"Às vezes, Tiaga, às vezes... fazes perder a paciência a um cão-santo, quanto mais a quem é cão-pecador!..."
You have one minute left for your call, sir.
"Olha, está a acabar o tempo. Diz-me só se ficas bem."
"Sem ti por perto? Do melhorio! Saudinha, Rebolico, saudinha! (E volta depressa, meu canito...)"
"O que foi que disseste?"
"Nada, nada. Até depois."
"Até, Tiaga. Cheirinho*..."
(*Inspirado na mana Rosa.)