segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Machado e um cão, outra vez

"Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que adoeceu também, ganiu infinitamente, fugiu desvairado em busca do dono, e amanheceu morto na rua, três dias depois. Mas, vendo a morte do cão narrada em capítulo especial, é provável que me perguntes se ele, se o seu defunto homónimo é que dá o título ao livro, e porquê antes um que outro - questão prenhe de questões, que nos levariam longe... Eia! chora os dois recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso, ri-te! É a mesma coisa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens."
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(São as partes piores dos livros de Machado, os finais. Dão raiva que se termine um encantamento, páram ali como a beirinha de um precipício cujo fundo esteja enevoado e nunca, por nunca, venha a clarear jamais. Faz hoje cem anos que foi para jamais de vez.)