segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Moinhos na poesia (14)


Por ser tão leve o teu passar
Na estrada, à tarde, quando vens
De pôr o gado que não tens,
A pastar…

Por ser tão brando o teu sorrir,
Tão cheio de feliz regresso
Do longo prado, onde apeteço
Contigo ir…

Por ser tão breve o teu querer
Alguém que perto de ti passe
E, porque a tarde cai, te abrace.
Sem nada te dizer…

Por ser tão calmo o teu sonhar
Que já é tempo de não ter
Esse rebanho de pascer,
Mas outro de amamentar…

É que eu me perco no caminho
Do grande sonho sem janelas,
De estar contigo no moinho,
Sem o moleiro nem as velas.

(Poema: Carlos Queiroz; foto, mal enjorcada, da capa do livro: Reboliço.)