Era frequente, em vida do avô, encontrar pendurados nas paredes do moinho (ou mesmo dentro de casa) calendários grandes com fotografias de moinhos da Holanda. Explicava ele que os turistas holandeses que paravam a visitar o moinho lhe prometiam sempre (e cumpriam) enviar-lhe imagens das moendas holandesas. Há umas semanas, apareceu por lá um casal, engenheiro mecânico ele, ela professora já não sei de quê: gente em fim de carreira, a pousar em Portugal para a reforma mas habituada a sair do aeroporto e a meter-se directamente no resort. Desta vez, arriscaram a cruzar-se com os autóctones, alugaram um carro e ali foram eles. Entraram no moinho, conversaram, escutaram, admiraram-se e, chegados às baixas terras de onde tinham vindo, mandaram - nos envelopes de hoje, coisa electrónica e sem selo - fotos dos ditos moinhos da Holanda. Como não vão para a cal das paredes grossas do moinho, o Reboliço pendura-as no branco das Cartas.
(Fotos: Jos van Niekerk, depois de uma visita ao Moinho.)
