segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Um dardo sem dor

A Dona Xantipa abeirou-se do Reboliço, que dormitava, e segredou-lhe: "Tens aqui um presente. Vê se gostas." O bicho, ainda zonzo, abriu os olhos, as mandíbulas pequenas a deixar ver a goela no bocejo quieto, e esticou as patas da frente. "Um presente? É o quê?" Era um prémio, o selo aqui à esquerda, para enfeitar o blogue e dizer que há quem o leia mais do que o círculo pequenino dos bichos do Moinho. "Obrigado," ladrou o Reboliço a ver descer a estrada a Senhora Sócrates. Depois, voltou para o lado de dentro da ombreira da porta encarnada, enroscou-se e ficou a matutar a quem passaria o lencinho da botica. À Mulher do Lado, por isso mesmo e para ver se ela diz alguma coisa. Aos Queridos Gatos, senão a Tiaga ainda se zanga. Ao Isa, pois claro - e ainda fica tudo entre gatos, que é como deve ser. Ia pensando nestas gentes, uns que conhece outros que não, e adormecendo. "Reboliço!", vinha a voz de cima. Eram os pardais, a chilrear empoleirados nas varas e no telhado, de gozo com o Rafael. Estavam impacientes, achavam graça ao balão de pensamento que subia desde a porta até ao topo do chapéu do homem do cata-vento, de cada vez que o canito pensava. "De maneiras que terei de continuar..." E pensou na gente do Tame the Kant, porque o lembrava gatos amestrados e ainda se sentia felino. "Estou bem arranjado... Será que acordo com a cauda feita em trança, se não der a lista completa?" A Dona Xantipa, a dobrar o fim da estrada, viu de longe o balão e gritou: ...