quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Contas simples de fazer (2)


- Ó filho da minha alma, aqui esta casa era a primitiva do moinho. Tinha essas duas casinhas onde era o galinheiro das galinhas. E a gente morava na cidade. Está vendo? Quando o meu pai saiu ali daquele moinho, quando eu vim ali para aquele moinho, o meu pai, eu tinha três anos, quando vim ali para aquele moinho. Estive ali sete anos. Aos dez anos, fui – saí dali fui morar para a cidade. Estive um ano na cidade ou dois, dois. E depois o meu avô comprou este moinho, quando vim para aqui tinha feito doze anos em Março, que é quando eu faço os anos, e vim para aqui no dia de S. Pedro, em Junho. Agora tenho oitenta e sete, vê lá os anos há que eu tenho estado aqui, e vê lá os anos que eu habito neste cerro, vim ali para aquele monte era... tinha três anos. São duas vidas, são duas vidas modernas, que eles agora, essa gente nova agora não morrem de velhos… bom, vá, deixemos lá essa conversa. Lá à outra: o que é que é preciso?

(Foto: Reboliço. Fala do Avô ao Mano, pelo tempo de tosquiar as ovelhas - aí por Maio - em 1993, a explicar da casa e do tempo que morou no Moinho. De vez em quando a esquilinha ouve-se mais insistente, mas do mesmo lugar: o Reboliço a coçar-se, com certeza. "Aquele moinho" de que fala o Avô é um dos dois que estão abandonados, a Noroeste do Moinho Grande.)