sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"Vai sê o maór kizumba!"

     O Reboliço saiu à rua cedo para gozar a abertura do sol. Olhou para o dia bonito que alguma divindade oferecera aos morros, para as ondas ressacadas da Praia de São Conrado e da Baía da Guanabara, ouviu os transeuntes que antecipavam a festa, e pensou que seria uma injustiça não se escolher o Rio de Janeiro para a festa Olímpica. Foi visitar lugares diferentes: a Lagoa Rodrigo de Freitas, que estava muito serena, o extremo ventoso de onde sobe a Gávea, e o verde deslumbrante do campus da Pontifícia Universidade Católica; avistou a mancha enorme da Favela da Rocinha, e teve dificuldade em perceber, na luz baça do início da Primavera, o que era vegetação e o que eram paredes de casas.
     (Foto de uma árvore recém-plantada de pau-brasil, nos jardins da PUC-Rio: Reboliço)

     As praias estavam cheias de gente feliz: "2016 - Nesse Rio eu quero navegar!", dizia uma faixa puxada por uma avioneta, junto à areia. Diz-se por aqui que o Presidente Inácio Lula da Silva tem o favor de mais de 90% da população brasileira, apesar da desgraça em que caiu o seu Partido da Terra. Seja como for, é dele grande parte do mérito desta conquista olímpica, mas não será ele e não se sabe ainda quem será que estará a guiar o país nos cinco anos que antecedem os Jogos.
     As primeiras horas depois da notícia são todas vividas com grande entusiasmo: "Ah!, vou aproveitar para melhorar, tem que melhorar. Aprender inglês e espanhol, e educar os meninos logo desde pequeninos, de três anos logo, tem que ser.", garante um homem de quarenta anos bem entrados, que serve à mesa na Churrascaria Plataforma (ponto favorito de Tom Jobim e com um saboroso lombo de badejo na grelha).
      O Reboliço olha para os camelôs da beira de estrada, olha para os surfistas impassíveis de prancha debaixo do braço, olha para dentro dos ricos apartamentos, onde há sempre uma mulher com traços indígenas a passar a ferro junto à janela, e pensa que o entusiasmo terá de ser muito forte para aguentar os seis anos até aos primeiros Jogos Olímpicos em solo sul-americano.