terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Folha-ostra e girassol-batateiro

O Reboliço ia nas suas patas pequenas a caminhar depressa para a beira da Luca, ansioso por lhe contar a novidade.
- Sabes? Hoje provei duas coisas que nunca, mas nunca, me tinham tocado nas tabelas.
- Deixa-me adivinhar! Patê de fígado de coelho em latinha gourmet para gatos - já comi, é de lamber os beiços até à ponta dos bigodes.
- Não sejas parva, Luca. São duas ricas e estranhas comidas. Uma é a erva-ostra: se me tivessem só contado, não acreditaria. É uma planta que nasce perto das praias da Escócia e da Terra Nova, e sabe a ostras como se lhe tivessem injectado uma essência marinha recolhida no mar da Galiza, ou por ali. Um sabor intensíssimo.
- Nunca tinha ouvido falar disso. E a outra iguaria?
- Da outra pensava eu que era alho negro (assim como alguns dos cozinheiros pensavam, imagina). Até já tinha lido umas linhas sobre isso e achado curioso.
- E que diabo seria? Alho torriscado?
- Não, mas parecido. O alho negro é um alho normal, mas como se fosse fermentado ou apodrecido de propósito. Mas, afinal, não era senão um tubérculo disfarçado de trufa. Girassol-batateiro, tupinambo.
- Muito bem. Pois eu cá, Reboliço, hoje também comi do melhor: ração seca roubada aos caqueiros do Sorna e do Petaner. Imbatível. E as flores das amendoeiras? Já viste como estão a rebentar?