terça-feira, 9 de março de 2010

(Post dedicado)

O Reboliço abafa com as almofadas das patinhas o som das unhas no chão tabuado. Chega à entrada da sala 27 sem que a vigilante se dê conta e alegra-se de não ver muitas pessoas paradas em frente ao quadro. Sentado, a cauda esticada para trás, vê com mais nitidez o que lhe está mais próximo dos olhos pequenos: olha para o mastim, que responde um rosnar manso, resignado e mole ao embalo do pé do diminuto bufón sobre o lombo. Naquele quarto de quadros quietos, janelas e ruídos dos folhos dos vestidos das meninas, o cão grande é o único ser de olhos fechados. Sabe a que lhe cheira o ar e não achará ali caça nenhuma.