quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O Gebo e a sombra

Uma das coisas de que mais gostei no filme de Manoel de Oliveira foi o jogo de luzes, em quadros quase sempre escuros. Disso, do aperfeiçoado sotaque francês de Ricardo Trêpa e dos ramos de ervas penduradas pela casa. Não trazem só imagens: trouxeram palavras como louro, orégãos, trigo, ombreira, umbral. Nos filmes de Manoel de Oliveira encontro sempre bem brunidas as palavras; nos filmes e fora deles. Na pequena cerimónia, depois de receber das mãos da Presidente da Assembleia da República a chave do Mosteiro beneditino de São Bento da Saúde, o homem pousou a voz pausada para dizer "Muito grande é esta chave, que julgo não merecer." Medidas, contidas, metrificadas.