o tempo quieto numa livraria
soa a um poema escrito por um piano velho
nem lhe cai dedo cansado
nem escreve som verbal
ensurdecem teclas negras
no vôo circular das moscas
as lombadas tombam em espinha
estantes erectas esperam por mãos
a poeira cria radículas
não ouve
o piano
os insectos
sempre é assim
máscaras e estatuetas
desesperam por áfricas
é o corpo todo em baloiço
sobre uma cauda
verde e raso momento
o tempo quieto numa livraria.
miguel de carvalho
no adro, 10-IX-2013.
(Feito hoje. Daqui, sem autorização expressa do autor.)