quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

MaNi

O MaNi chegou há uns dias, desmamado cedo, os olhinhos ainda como ensonados, pequeno o tempero da alma, vagus blandus animal - da raça do Sorna, mas pêlo ao contrário: mormente escuro e marcado, sobre os olhos, castanho melaço; o colar, extremo de patas e ponta da cauda caídos em balde de cal e a ponta do focinho como quem permanentemente roubasse a nata fresca do prato do leite. Anda a farejar tudo o que é formiga à volta da casa; rói as ervas como se fossem os mais saborosos ossos, o mais apetecível biscoito. Cheira os cheiros da Luca, do Sorna, do Petaner e dos vizinhos caninos todos. Porque não cabe em si é que cresce um bocadinho cada hora. O Reboliço olha-o, desconfiado do que virá a ser aquela forma patuda e ansioso por ver-lhe o porte mais imponente e poder, por fim, fazer-se entender. Olá, sou o Reboliço. Diz-me: o que pensas fazer da vida?