segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Manos... (2)

Há mais de vinte anos, o pai do Reboliço trabalhava numa casa velha, que já tinha sido residência do Reitor do Liceu de Faro. Era uma casa térrea, de corredor comprido e salas distribuídas ao longo dele. Tinha uma cozinha de onde se acedia ao quintal e às escadas para a açoteia. Ao fundo do quintal havia uma casa de arrumos e lá dentro coisas que metiam medo. O mano do Reboliço lembra-se de lá haver, pendurada numa das paredes, uma bota ortopédica com armação de ferros, que o amedrontou até já depois de ele pensar sobre o assunto e ganhar coragem para a enfrentar; a mana diz que não se lembra de bota nenhuma. O Reboliço lembra-se e tinha medo - não tanto pela bota, mas pelo medo do mano. Já não existe, a casa.