(Foto montagem do marcador e de um, entre todos os belíssimos parágrafos de Esse Cabelo, de Djaimilia Pereira de Almeida: Reboliço, a ler.)
"Um dia, um livro alimentar-me-á a mim como se mostrasse a alguém um álbum antigo dizendo que até era bonita, como as Testemunhas de Jeová diziam à avó Maria da Luz para a consolar. Talvez nesse dia me seja claro como toda a infância é um álbum de infância - no dia em que o livro for o meu oxigénio e eu já não me lembrar do que nele conto, e a pieguice da memória for ultrapassada pela pieguice do fim. E acabarei nessa vaidade comigo mesma, folheando o livro, vaidade que é o fim de se ser um indivíduo, enquanto à nossa volta alguém se atabalhoa para nos dar à boca um copo de água, uma toalha húmida, uma palhinha, um termómetro, por entre frascos vazios, treva, fedor e comandos de televisão; enquanto se festeja um aniversário e a consciência me segreda que já chega, basta, ide para casa." (59-60)