domingo, 8 de maio de 2005

Escrever o que é dos outros

Gosto muito de traduzir. Lembro-me de querer estudar tradução e passar o resto da vida a traduzir. Às vezes, traduzia (letras de canções, capítulos de livros que andava a ler) só pelo prazer de me sentir um pouco a escrever aquelas palavras, de as tornar um bocadinho minhas. Quando traduzo, as palavras ficam-me imprimidas na ideia mais a ferro do que quando apenas leio. Ironicamente (ou não), um dos meus autores favoritos só o li em português. Poderei dizer que o “incorporei”, se nunca li uma frase sua na língua em que a escreveu? Saberei exactamente o que quer dizer Ernst Jünger, quando leio que “O homem pode desafiar a morte, mas não a sua própria imagem”?

Tenho um tradutor favorito: Aníbal Fernandes. Não é nada “fiel”, é até muito polémico enquanto tradutor, mas imagino a partir das suas versões a paixão que o terá levado a trabalhar alguns textos.

Não falo sobre tradução de poesia.