quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cearensês e alentejanês

- Mas é mesmo assim, Reboliço?
- Tal e qual te digo, Luca: falam e andam como se o mundo não acabasse nunca, com a calma toda. E dizem coisas como na aldeia, imagina. 
- Deixa-me ler: "Sem jeito é malamanhado", "Sujar muito é encardir", "Descorado é amarelo", "Porco novo é bacurim"*. Bacorinho, quem diria...
- Claro que têm cá as suas expressões, os seus poetas próprios, como o Patativa do Assaré. E quando vai para os nomes de mosquedo e os apelidos da fruta, chega para lá! Ainda ontem fui mordido por um murici e comi sorvete de muriçoca - ai, ou seria o contrário?...
(Dos versos de cordel ajuntados por Josenir Lacerda em O Linguajar Cearense.)